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"Não seremos silenciados": Na Alesp, Prêmio Zumbi dos Palmares contempla a luta e a cultura negra

Personalidades, ONGs e representantes do movimento negro receberam homenagens em evento realizado na última segunda-feira, 13

"O racismo ainda se faz presente em todas as esferas do nosso país, é institucionalizado, naturalizado e deve ser combatido", disse o deputado Teonilio Barba (PT) antes de iniciar a 20ª edição do Prêmio Zumbi dos Palmares, que visa contemplar e homenagear grandes figuras representativas da cultura negra.

A cerimônia foi realizada na última segunda-feira (13), na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, e foi marcada por diversos discursos, tanto de parlamentares quanto de homenageados, que destacaram a força e o crescimento do movimento negro no Parlamento e em todo o Estado.

Proponente do evento, Barba apontou para a importância da realização do Prêmio na semana anterior ao feriado da Consciência Negra (20 de novembro). "É mais um mês que representa a luta e a história dos negros no Brasil. Até hoje, tentam nos invisibilizar, tentam apagar a batalha que o povo preto trava desde que veio da África até as Américas. Mesmo com tantas medidas para acabar com a discriminação, ainda há muito a combater neste país", discursou.

Participação dos deputados

Mulher negra e ex-trabalhadora doméstica, Ediane Maria (Psol) foi uma das parlamentares a comparecerem na premiação. Em seu discurso, a deputada descreveu o mês de novembro como "uma época de força e reflexão" para o povo preto de São Paulo. Isso porque, de acordo com ela, a celebração do feriado nem sempre chega aos cidadãos de maior vulnerabilidade social.

"A própria existência de um feriado de celebração a uma figura negra é contraditória, visto que grande parte dos trabalhadores negros não descansam nesta data. Domésticas, como eu, diaristas e babás, essas não param nunca. Esses dias não chegam para o nosso povo, que mal tem tempo de olhar as notícias ou o calendário, e mostram exatamente como somos silenciados pela sociedade", declarou Ediane.

Adiante, a deputada Thainara Faria (PT) fez forte discurso, dizendo que a luta do povo preto por dignidade e reconhecimento deve ser lembrada todos os dias e meses do ano, não apenas em um período específico. Caso contrário, a ação apenas comprovaria a invisibilidade do movimento para o restante da sociedade.

"O Brasil foi o último país da América do Sul a abolir a escravidão. Foram mais de 300 anos de sofrimento para o povo preto, que, depois, foi jogado na rua à sua própria sorte em busca de condições decentes, de um teto para viver. Assim, o racismo estrutural se construiu neste país. Porém, é bom que as pessoas se acostumem com o avanço, com cada vez mais deputados pretos, que puxam uns aos outros para cima, e não vamos recuar", exclamou Thainara.

Em seguida, o deputado Eduardo Suplicy (PT) destacou a importância e a representatividade do Prêmio para o Legislativo Paulista. "É uma honra participar deste ato. A entrega deste prêmio é absolutamente significativa, não somente porque nos lembra da figura onipresente de Zumbi dos Palmares, um dos maiores líderes negros da história do Brasil, mas também porque alerta todo o povo brasileiro a lutar pelo fim da discriminação racial", destacou.

Também estiveram presentes e prestaram depoimentos no evento os seguintes deputados: Reis; Jorge do Carmo; Simão Pedro; e Luiz Claudio Marcolino, do PT; Barros Munhoz, do PSDB; e Marina Helou, da Rede.

Premiações

A coordenadora do SOS Racismo na Alesp, Iara Bento, foi a responsável por iniciar as premiações às personalidades e ONGs representativas da cultura negra. "Nossa luta é muito importante para o Estado de São Paulo. Essa atividade só foi possível graças aos esforços de todos os deputados desta Casa, o que é muito representativo. Não podemos tolerar mais preconceito, nem aqui nem em nenhuma cidade do Brasil", pontuou, antes da premiação.

Indicados pelos próprios deputados da Alesp, receberam honrarias do Parlamento Paulista na noite desta segunda: a presidente do Conselho da Comunidade Negra, Mãe Andreia de Iemanjá; o militante paulistano Edgar Amaral Aparecido de Moura; o grupo cultural Pastoras do Rosário; a sambista Lucineia Cardoso; a ONG da Comunidade Negra de Indaiatuba; o Templo umbandista Vovó Catarina de Angola; o educador Frei Davi Raimundo dos Santos; a filósofa e ativista Sueli Carneiro; a líder comunitária Cristina Aparecida; a ex-presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Ivone Silva; o líder da congada mineira, Arnaldo Franco; o produtor musical e líder social de Heliópolis, Marcivan Menezes Barreto; o ativista Vinicius Lima; o ex-coordenador de políticas para a juventude da cidade de SP, Claudio Aparecido da Silva; e Iara Bento, do SOS Racismo.

Também receberam menções honrosas: a codeputada Simone, do Movimento Pretas; a policial militar Margareth Barreto; o jornalista Cosmo Silva; a vice-prefeita de Diadema, Patrícia Ferreira; o prefeito de Rio Claro, Gustavo Periscinoto; e o deputado Teonilio Barba.



Texto: Gustavo Oreb Martins, sob supervisão de Cléber Gonçalves - Foto: Rodrigo Costa

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